28 julho 2009

Ladrão de Livros


Meu amor pela literatura começou quando eu estava na primeira serie (que hoje chamam segundo ano). Na biblioteca do colegio onde eu estudava haviam livros da coleção Vaga-Lume, acredito que quase todo mundo conheça, e o primeiro deles que eu li foi "O misterio da ilha" ou "Ilha perdida", não lembro o nome exato.

Então descobri que podia pegar os livros emprestados para ler em casa. E quando fui todo feliz com um livro na mão a bibliotecaria me diz:
"Você não pode levar esse livro. Não é da tua serie."
"Mas eu gosto das historias desses livros."
"Não é da sua serie. É pro ginasio. Os do primario estão naquela estante ali."
"Mas eu não gosto."
"Não tem que gostar de nada. Coloca esse livro onde você achou. Se quiser pega da estante que eu te disse. e rapido que já está na hora de fechar."

Eu tenho uma caracteristica que ja me ajudou e prejudicou muitas vezes. Não tenho respeito nenhum pela autoridade, seja ela qual for. Quando fui colocar o livro de volta na estante, olhei pra velha opressora, ela não me dava atenção. E vapt, livro pra debaixo da camisa. Ali eu me tornei um ladrão de livros.
Cheguei a roubar mais alguns livros naquela escola, até que um dia a bibliotecaria me pegou e alê, coordenação.

"Você tentou roubar o livro da biblioteca Danton?"
"Ela não deixa eu ler os livros que eu gosto."
"Mas esses livros não são pra sua idade. Você tem que ler os livros que a gente manda. E nada justifica você roubar. A partir de hoje você está proibido de entrar na biblioteca do colegio."

Será que foi a proibição que me fez tomar gosto?

Isso me lembra outra historia que fez com que meu responsavel viesse a escola para resolver.
Uma vez a professor fez a seguinte pergunta: "Quando está chuvendo. O sol está no céu?" Minha resposta foi "Sim"... Mas a professora acreditava o contrario. Ela teimava que Não e eu dizia que Sim. "Você vê o Sol quando está chuvendo?" - "Não. Mas eu sei que ele tá lá." - "Quem é a professora aqui?" - "Você, mas você é burra. Tinha que voltar pra escola pra aprender." Nem preciso dizer o que isso causou numa sala de CA (atual primeio ano).


isso.

25 julho 2009

Poemas do Baú V


Essa é a letra de uma antiga canção que ficou guardada no Baú.


Meias verdades


Estava eu de novo nessa de te encontrar
Numa curva ou reta, ou onde fosses medar
O teu carinho ou teu desabafo
O teu desejo ou teu esculacho
Tua voz pedindo pra eu ficar embaixo
Abaixo, bem baixo, mais baixo
Do que quisesses ditar.

Me flagrei pensando em quem sabe voltar
Perdido nos medos de chegar e achar
Porta fechada ou a luz acessa
Tua segurança ou tua incerteza.
O teu ataque ou tua defesa
Princesa, vadia, mundana ou deusa
(onde é que fui me enfiar)

e foi buscando noutras meias verdades
que mergulhei na minha escrota vaidade
que desenhava magoas no meu disfarce
deixando amargo teu laranja de tarde

e foi buscando noutras meias verdades
me convenci a fazer um pacto comigo
correndo riscos, abraçando o perigo
quem sabe noutra no dia que acabe
eu possa ser teu amigo.


isso.

Poemas do Baú IV


Meu amigo escolheu esse por ser "pornografico".


VOU TE ROUBAR

Vou te presentear minha religião
Dividir como irmãos, meu pecado
Dentro da tua boca, colado
Com teu salgado e gélido coração.

Dar meu suor e minha loucura
Ao centro de teu singular ventre
Moreno e assim eternizar-lo
Com minha língua tão afiada.

Roubarei o mel dos teus olhos
Ganharei teu diamante pequeno
Engolirei a saliva de tuas pernas
Tua entre-pernas pelada.
Uma concha peluda e macia.
Um véu preso aos lábios.

Vou me presentear teu sexo
Dividir como amantes, nosso pecado
Dentro de bocas, molhadas e coladas
No fogo de uma fugaz paixão.


isso.

Poemas do Baú III


esse foi escrito depois de uma discussão com um amigo. Ele queria me convencer da teoria dele, eu queria que cada um acreditasse no que quisesse e curtir a festa em paz.


Raro

Tentarão de tudo para te convencer,
Usando argumentos bem mirabolantes,
Trava-linguas fielmente encaixados
E quando tentes dar teu passo adiante
Descobre o teu mundo acabado e
O teu passado à por se esquecer

Por isso não te vendas, nem caro.
Pois um dia Um disse bem alto
E quando fala é só dentro de você.
Ninguém pode chegar bravo ditando
O que tem que ser a ordem do teu ser.
Igual que todos, somos Um, e raro.



isso.

Poemas do Baú II


Esse é um bem antigo. Engraçado como os poemas são atemporais. Ele poderia ser o que sinto hoje, como o que sentirei daqui a vinte anos.


Tua


Teu nome é apenas um nome
Entre tantos ventos que cantam,
Imagens que se apagam, e sonhos
Sumindo tão rápido como começam.

Tua voz é mais uma tom
Disfarçado entre muitos gritos,
Fumaça de tabaco e lágrimas
Secas caindo num fundo rio.

Teu beijo foi só um beijo?
Aquele abraço um toque de peitos?
Nossos sorrisos falsas verdades?

Teu nome como qualquer nome
Que um poeta faz de canção
Soa varias vezes na minha mente
Antiga, infantil e quase inocente.

Tua cor, já semi desbotada
Pela água de chuva e ausência
Do teu corpo colado ao meu
É uma lembrança que aprendi.


isso.

Poemas do Baú I


Um amigo meu disse que eu deveria postar alguns poemas antigos. Que dificil, pois são tantos e nunca sei qual escolher. "Escolhe 5 pra mim. O que não estiver postado, eu coloco." eu disse

Esse primeiro foi o último poema que fiz no ano de 2006. O escrevi após ser quase atropelado.


Segundo eterno.

Apenas um segundo é preciso. Só um.
Nesse segundo necessário podemos
Ver tantas coisas serem criadas. Num
Ínfimo segundo temos a ejaculação
Que vai mandar a semente ao óvulo.

No segundo que parece tão sem valor
Nos apaixonamos pela garota da esquina.
Menos que isso separa o vencedor do
Que perde todo seu dinheiro nos cavalos.

Num segundo que passa mais veloz que
O verso mal rimado de um poeta surdo,
Podemos decidir entre um sim ou não,
Sobre qualquer assunto, mesmo absurdo.

Um segundo é o tempo suficiente para
Uma vida de milhões de horas vazar
Pelo ralo sujo. O tempo que separa
Respirar ou estar no descanso eterno.

Pode ser o tempo que Deus nos concede
Para decidir entre céu ou inferno.
É o tempo que quem é esperado lhe pede
Para não perder algum outro segundo.
É muito mais do que faz falta para
Ter a carne dilacerada por um ferro.
Mas um segundo a espera de quem se ama
Transforma-se num cruel segundo eterno.


isso.

22 julho 2009

Parte


faz uns dias escrevi um poema de certa forma inspirado no maravilhoso poema "Metade" de Oswaldo Montenegro. (Eu acho que esse poema é do Pedro Bandeira, mas na net diz que é do Oswaldo)


Parte

Uma parte de mim é furia
e a outra é pura poesia.
Há a parte em mim que chora,
Outra que dança de alegria,
pois já não sou escravo
de um talvez, sequer vítima
de um amor mal interpretado.

Há a parte de mim que entende
e outra que é muito ignorante.
Uma parte que vive lembranças
enquanto a outra vai adiante,
já que não se pode conduzir
olhando atrás ou fechando olhos
ao caminho que devemos seguir.

Uma parte de mim é comédia
e a outra é "Romeu e Julieta".
Como tem a parte que sabe tudo
enquanto outra nada em incerteza.
Que Deus salve essa ambiguidade
Porque parte de mim é Amor
e é também Amor a outra parte.



isso.

Mohamed


Outro dia estava usando o Skype e de repente pipocou alguem falando "Hello"
Eu como não posso resistir a uma provocação de conversa , e consigo me comunicar em inglês, respondi.
Conheci Mohamed Omara.
Ele vive no Egito, é engenheiro civil, casado, dois filhos, gosta de futebol e cismou que eu tenho que aprender árabe e ensinar-lhe portugues. Para que eu necessito falar árabe?

Mas o que mais me impressionou no Mohamed é o fato de ele dedicar 5 minutos cinco vezes ao dia para orar. E todo muçulmano no mundo inteiro faz isso. Na nossa primeira conversa houve um momento que ele disse: "Give me ten minutes to pray. I´ll be back and we talk more. ok? Do you want that I pray for you too?" Achei tão bonito aquilo.

Os "cristãos" não conseguem entender esse "fanatismo" deles. E eles não conseguem entender a pouca fé dos "cristãos". Eu não consigo entender como as pessoas podem guerrear por causa de algo tão sublime quanto a fé.

E afinal. O que são 25 minutos num dia que tem 1440?


isso.

Novo no Velho II

Descobri uma coisa bem antiga que gostei muito.
Desenhos da década de 1930 da Betty Boop.
Como todo mundo, eu sempre conheci a imagem da Betty, mas nunca tinha visto uma animação sua.
Achei ótimas.
Historias que apesar de surreais são cheias de profundidade e crítica ao modo de vida americano.
E com certeza não são para crianças.
Adoro quando o Velho se faz novo.

ah, descobri também que os primeiros desenhos do Mickey imitavam Betty Boop.

isso.

Negro sobre branco


Faz uns três meses eu estava escrevendo uma historia que contava como um cara sequestra uma cantora e coloca ela dentro de uma gaiola. Era um plano que ele tinha para que as pessoas soubessem do talento dela. No desenvolver da historia, a prisioneira acaba comprando e gostando da absurda ideia, até mais do que ele.
Eu estava muito feliz de desenvolver aquela historia. Os dialogos e situações estavam fluindo maravilhosamente (é incrivel esse negocio de vida propria que a literatura tem), já tinha escrito 4 poesias que seriam as canções... até que o pc deu pau. e eu não tinha back-up desse material (junto com alguns outros de menor importancia)
Fiquei numa seria depressão literaria até semana passada. Não tinha como reescrever o que foi escrito, e por raiva não voltarei a trabalhar nessa historia. Nesse tempo até nasceu algumas canções e poemas, mais por causa da boa musa que eu tinha do que do meu empenho.

Um tabefe da providencia me deu a inspiração necessaria para voltar a escrever e comecei a trabalhar serio numa historia que vem rondando minha cabeça faz quase um ano. Mas sobre essa historia eu não posso falar.


isso.

16 julho 2009

Jorge E. Adoum


Minhas historias com os livros de Adoum são bem curiosas.

"Adonai" eu achei na casa de um grande amigo, esquecido numa segunda fileira na parte de baixo de uma estante fechada e num lugar onde tinha pouca luz. Olhando entre os livros vi o titulo sobre vermelho. Peguei ele. Só tive sossego quando li inteiro. Maravilhoso.
"Livro sem título de um Autor sem nome" eu encontrei no meio de centenas, eram realmente centenas, de livros que faziam parte do cenario de uma peça teatral de um grande amigo. Dormi com esse livro durante meses.

Mas ambos, ao igual que chegaram na minha vida, partiram. e eu nem lembro como. O "Adonai" era uma edição de 73. o "livro" era do inicio da decada de oitenta. Acredito que antes de eu nascer eles já tinham sua vida propria, sendo lido por centanas de olhos. Deixando sua semente de livro vivo e aventureiro em mentes escolhidas pelo destino.



isso.

15 julho 2009

Venus-Mercurio

Ontem via um documentario sobre os planetas do sistema solar.
Um fato que me chamou atenção é que Venus, dos planetas, é o que tem a atmosfera mais violenta e opressora. E curiosamente é associado ao amor.

Mas a postagem é para deixar aqui uma canção que acabo de compor...


Venûs - Mercurio

Meu dia dura o dobro do seu ano.
Dou a volta pelo Sol em um segundo.
Disparo pelo asfalto, fujo do submundo,
disparo igual cometa de aluguel.

Estou valendo o dobro da sua aposta
contando os dias que eu me fiz de morta
Sou presa do orgulho, mas calo quieta, engulo.
Sou presa de um pedaço de papel.

Que droga! O meu amor só aportou agora
Me escuta, cala essa boca e me beija toda.
Curtamos o que nos resta, festa e fantasia.
Desculpa, chegou minha hora tenho que ir embora
deixa pra outro dia.
pra outra hora.



isso.

14 julho 2009

Heavy Metal



Faz tempos eu era um daqueles roqueiros roxos. Só queria saber de guitarra distorcida, riff´s alucinantes, bateria demolidora...
Hoje descobri que já não tenho mais saco pro Heavy Metal e afins (lease punk, grunge, hard, etc). Claro. Não deixo de apreciar um Metallica do "Kill then all", algumas perolas do Pantera. Mas só a nata mesmo... Korn, Incubus, Godsmack, limpbizkit... bandas que faziam parte do meu cotidiano hoje ficam na mesma gaveta que reservo para o Funk.
Tá, assumo. Não me incomodo de ir até o chão quando estou em alguma festa e rola o pancadão, as vezes até me divirto muito com isso... mas acho tão divertido quanto ficar sacudindo as melenas ao som de um idiota berrando um monte de coisas que nem ele entende por estar tão drogado. em alguns casos o funk é até melhor...

ah, o simbolo com os dois dedinho em riste associado ao heavy metal e consequentemente ao capiroto. Na verdade é um mudra milenar usado para afastar o proprio capiroto.

isso.

13 julho 2009

101 motivos



Acabei de descobrir que esse é a postagem de numero 101.
Não percebi a de número 100 chegando. Acho bacana, apesar de clichê, lembrar que é o post 100.. mas enfim... não era nem sobre isso que eu queria falar mesmo...

Faz uns minutos li uma noticia sobre um macaco que move um braço mecanico com a força do pensamento. Instalaram um chip de quatro milimetros no cerebro do simio e: "Vamos, macaco. Mexe o braço de aço." E o braço fazendo varios tipos de movimentos. Dizem que vai ser bom para quem tem paralisia. É, vai mesmo.

Faz uns dias li que computadores que hoje podem simular partes do cerebro humano são grandes como edificios.
Faz pouco mais de cinquenta anos os computadores eram grandes como edificios e não tinham 1% da capacidade de uma atual calculadora de R$5,00, que você compra em qualquer papelaria.

Fico feliz que paraliticos possam "movimentarse". O que me dá pânico é exercitos de soldados com cerebros militares sobre um corpo "humano" de titanium (ainda bem que só o Wolverine tem adamantium)

Penso num futuro distante o seguinte dialogo:
"Eu fui organico até 99. Daí teve a promoção da Biomachines da virada do seculo. Um modelo V-48, eu podia ainda divir em 24x. Tranferi meu cerebro pra cá e vivo feliz faz quase vinte anos."

"Paieee.. Compra um cachorrinho pra mim?"
"Compro um Rodog pra você meu amorzinho."
"Um Rodog não. Eu quero um cachorro de verdade."
"Minha princesa. Um cachoro de verdade faz cocô e come muito. Um Rodog sai bem mais barato e tem tantos modelos bonitinhos."

será que eu estarei "vivo" para ver dialogos assim?

A imagem acima é a capa do livro "La condición Poshumana" do Argentino, Santiago Koval.


isso.

09 julho 2009

Peito alvejado


Em São Paulo moradores de uma favela (gostaria de comentar sobre o termo "favela" algum dia) cercaram duas motos policiais e tiraram na marra a chave da mão de um dos policiais.

Ousadia?

Minutos antes esses mesmos policiais entraram na rua atrás de um motoqueiro, largando o dedo indiscriminadamente, acertando assim o peito de Tainá, uma menina de 8 anos que estava na porta de sua casa.

Todos gritavam por justiça. Reforços foram chamados para resgatar os policiais infanticidas do meio da multidão revoltada. Alguns oficiais tiveram suas fardas rasgadas. A imprenssa como mosca na merda fresca. E depois de algumas horas e muito grito devolveram a chave.
Os culpados provavelmente não serão punidos por esse crime. A menina, morta.

me levou a pensar o seguinte:
Porque precisamos esperar o peito de uma Tainá ser alvejado para nos revoltar contra a autoridade que nos oprime?


isso.

Quando eu tinha 15 anos.


Eu tinha uns 15 anos quando pela primeira vez tive contato com a internet.
Já sabia que existia, havia visto algum PC funcionando no rastejante modem 22Kbps, mas a experiencia de imersão mesmo só conheci quando tive um mega ultra novo e novico Pentium 3, que na época era o mais rápido em tecnologia domestica que existia no mundo. Eu vivia na europa onde o novo e bom é acessivel a todos. A internet estava começando seus primeiros passos serios por lá.
Meu cotidiano era escola 7:00, internet de duas da tarde até 2, 3 da madrugada. Fazia alguns intervalos para comer ou socializar com minha mãe, mas todo esse tempo conectado ou jogando.

Aquela experiencia foi maravilhosa para mim. Lembro que aprendi sobre centenas de coisas na rede, meu acesso a grande biblioteca... que ainda nascia. Foi naquela época que criei o hotmail que uso até hoje.
Quando voltei pra cá, trazia debaixo do braço meu potente pentium 3 (nem lembro o que foi dele), e ainda fui internautico por uns tempos, porém bem menos do que era antes.
Depois abandonei de vez a informatica, e por alguns anos me dediquei ao contato humano, ignorando e negando as maquinas.

Hoje a vida me trouxe ao coração de silicio dos coputadores. Fico na rede mais horas do que ficava quando tinha 15 anos. Esse mundo virtual evoluiu muito desde aquela época. Meu trabalho é navegar nele.

As vezes penso que a rede é um passo para a Unidade da Humanidade.


isso.