15 fevereiro 2009

Se eu soubesse

Tem um poema que escrevi faz uns anos. Lembro que foi escrito num intervalo dos ensaios da paixão de Cristo, onde eu era o apóstolo João. Foi um espetáculo maravilhoso que aconteceu em Nova Iguaçu. Lembro que o ator que era Jesus carregou uma cruz de trinta quilos morro acima. Até o Morro do Cruzeiro. Com o povo todo atrás, seguindo.



Se eu soubesse como usar as palavras
Não tentaria eu ser apenas o poeta,
Seria um padre, juiz ou deputado
Pois o poeta não domina as palavras
Mas é por elas um mero domado.

Se tivesse aprendido manipular letras
Montando uma a uma formando sentenças,
Frutos diretos de minha torta cabeça,
Tentaria sempre ter a frase perfeita
Ao responder à tocaia perguntada.

Se me fosse dado essa simples ação
De ter tudo o que deve ser dito
Preso entre dedos na palma da mão
Não diriam que componho algo maldito
E sim que contesto desde meu coração.


isso.

14 fevereiro 2009

Time Share


Bem, como forma de despedida vou falar um pouco sobre o trabalho que eu tinha antes.

O Time Share, ou Tempo Compartilhado, surgiu na europa depois da segunda guerra mundial. Onde familias francesas e suiças trocavam de casa nas temporadas de ferias.

A hotelaria utilizou o conceito.

Eu vendia Programa de Férias. Onde a familia adquiria pontos para serem usados como hospedagem em hoteis cinco estrelas e resorts. O pacote custava 40 mil reais.

O mais divertido era que o casal era convidado para assistir uma apresentação e por disponibilizar o seu tempo eles ganhariam uma diaria no hotel, e em uma hora tinhamos que convencê-los de comprar aquele programa de ferias, que na maioria das vezes nunca tinham ouvido falar. É algo realmente desafiador. E extremamente gratificante quando você consegue fazer com que o casal compre.


Conheci a todo tipo de casais. Varias profissões diferentes. Centenas de olhares e historias de todos os cantos do Brasil. Contabilizei mais de duzentos casais atendidos. Tinha dia que eu já não lembrava de rostos, nem dos nomes de meus companheiros de trabalho. Conheci familias maravilhosas e detestaveis.


Durante dois meses estive numa casa com quase vinte pessoas convivendo e trabalhando. Com folga apenas no Natal e Ano Novo. Como viver um Big Brother, sem cameras, mas com todos os olhos em você.


Vendi bem, mas não tanto como eu gostaria e nem perto do que poderia. Mas deu pra arrumar algum antes de partir pra nova empreitada.




isso.

Cidades conhecidas

Coloquei uma lista das cidades que já conheci.
Esqueci de várias, mas enfim.
Vou somando mais conforme for conhecendo.
Já que minha vida agora é viajar. Meu blog fica sendo como um diario de viagens pelo Brasil e mundo afora.


isso

Impressões de Porto Alegre I


Minhas impressões aqui do Sul ficam não apenas em Porto Alegre, já que dos quatro meses que passei, dois estive vivendo em Gramado. De lá não tenho muito a falar, pois é uma cidade fictícia. Talvez por isso que o grande festival de cinema sejá lá.

Porto Alegre me surpreendeu bastante. Ao principio me trouxe uma nostalgia da cidade de O Porto, me lembrava. Conheci pessoas realmente interessantes, e outras tantas bastante generosas. Tinha nos meus planos ficar aqui por um tempo. Curtir e conhecer mais a cidade. O trabalho em que estava me proporcionava isso, mas o trabalho mudou. Agora tenho que viajar o Brasil.

Mas Porto Alegre é minha base, e as impressões daqui serão muitas ainda.


O que gosto aqui é o povo. Adoro a cultura do chimarrão. O fato de sempre ter alguem que toque viola numa roda. Ou varios tocando juntos. Aqui o que rola é Samba Rock, como escutei outro dia num parque: "Até no samba o gaúcho faz rock.". Nos "picos" da Cidade Baixa é o que há, Sambarock. É bem divertido, dá pra dançar agarrado e sacudir as melenas ao mesmo tempo.

E como não falar nas lindas mulheres que nessa terra florecem? Teria que escrever um post apenas sobre isso. É impressionante a quantidade de seres apaixonantes a se conhecer.


Fiz grandes amigos aqui e sei que o Porto alegre é um lugar onde muitas vezes vou aportar.



isso.

12 fevereiro 2009

E a estrada chama.

Quando eu vim aqui pro Rio Grande de Sul pensava em "estabilizar" minha vida aqui por pelo menos 1 ano, já que meu trabalho estava aqui tal e qual.
Acontece que já não estou mais no trabalho que me trouxe aqui para essas terras. (eu tinha dito para mim que colocaria um texto aqui explicando com o que eu trabalhava, -TIMESHARE- mas acabou que não pûs nada)
Agora estou numa empresa onde terei que viajar o país inteiro. Tudo que eu mais queria, conhecer meu país. E depois do carnaval já estou partindo para São Luís do Maranhão, seguido de Teresina e Fortaleza.
E as impressões de Porto Alegre? É, vou coloca-las aqui ao longo dessa semana. Creio que agora o Blog será algo como um diario de viagens e impressões de tantas cidades que vou conhecendo, e experiencias que vou vivendo.

Estou muito feliz com esse novo acontecimento, que redefiniu os rumos.
O melhor é que antes de subir, poderei passar no Rio para ver minha mãe e meus filhos.
Estrada, ai vou eu.


isso.

07 fevereiro 2009

Estrada



escrevi uma canção hoje, aqui vai a letra. Segundo minha amiga, a música tem algo a ver com nostalgia. em homenagem a ela, esse ficou o nome da canção.



A ver com nostalgia

Ontem tive um sonho lindo
que me explicava o porque
de eu seguir esse caminho
mesmo que ele não leve a você.

Pode lhe parecer bobagem
mas para entender a razão
tive que pegar essa estrada
e abdiquei da paixão.

Há uma luz no fim da estrada
que você segue e não vê.
é que tem curva perigosa
esconde a luz de você 2x
e chega o fim da caminhada
que você paga pra ter.
Vá devagar, não tenha pressa.
Não custa nada se crer,
mas custa muito crescer.

E se hoje ando sozinho
vou desatando meus nós
me ascendendo ou caindo
me recordando sua voz.

Seguirei assim viajando
até o meu barco aportar
quando encontre a quem amo
seja aqui,
ou em qualquer lugar.



isso.

05 fevereiro 2009

Meninas e meninos


Fui a um lugar onde havia uma música muito boa. DJ com um gosto aplaudível. Tinha um monte de gente estranhamente bonita e um tipo de linguagem humana que terminei por não entender totalmente.
Você vai a um pico (aqui no sul, chamam de pico um lugar onde se vai a noite. ao menos é isso que entendi), e tem menino que fica com a menina. menina que fica com o menino. Do lugar de onde acabo de chegar isso acontecia, natural. E tinha menino com menina, a menina com outra menina, menino e menino, menina e menino e menina ao mesmo tempo.
Tá isso não deveria parecer tão estranhavel a meus olhos. Mas desde que me lembre, "na minha época", os lugares eram de meninos com meninas, e tinham os de meninos com meninos e meninas com meninas. Que eram tipo um gueto. Você é entendido?
Eu cresci nesse meio. Minha mãe é lésbica assumida, e a mãe dela também. Lembro que ser gay era algo para se ter escondido, não se podia saber. Minha mãe foi a primeira militante gay que eu conheci.
Uma vez estava com ela e minha vó num onibus. Teria meus quatro anos. Uma moça ofereceu-se para que eu sentasse no seu colo.
- Você é sapatão? - perguntei.
- Eh... Não. Porque?
- Minha mãe e minha vó são, porque você não pode ser também?
Foi então que minha mãe conversou comigo. A maioria das pessoas não achavam aquilo normal.
Cresci no mundo gay quando ainda era só para entendidos.

Adorei o lugar ao que fui. Uma nova linguagem. Um desafio para entender. Canções que preciso conhecer, e cantar e curtir. Novos olhares que aprender. Aos que havia ido antes, era meninos com meninas, padrão. Mas qual é a nova ordem que altera o padrão?

A "minha época" já é outra. Tenho que ser eu mesmo nessa época, que é a minha de verdade agora. As meninas e meninos que se amem, e se a menina ama menina e o menino outro menino ama, que sejam felizes na night, na mesa ou na cama.


isso.