05 fevereiro 2009

Meninas e meninos


Fui a um lugar onde havia uma música muito boa. DJ com um gosto aplaudível. Tinha um monte de gente estranhamente bonita e um tipo de linguagem humana que terminei por não entender totalmente.
Você vai a um pico (aqui no sul, chamam de pico um lugar onde se vai a noite. ao menos é isso que entendi), e tem menino que fica com a menina. menina que fica com o menino. Do lugar de onde acabo de chegar isso acontecia, natural. E tinha menino com menina, a menina com outra menina, menino e menino, menina e menino e menina ao mesmo tempo.
Tá isso não deveria parecer tão estranhavel a meus olhos. Mas desde que me lembre, "na minha época", os lugares eram de meninos com meninas, e tinham os de meninos com meninos e meninas com meninas. Que eram tipo um gueto. Você é entendido?
Eu cresci nesse meio. Minha mãe é lésbica assumida, e a mãe dela também. Lembro que ser gay era algo para se ter escondido, não se podia saber. Minha mãe foi a primeira militante gay que eu conheci.
Uma vez estava com ela e minha vó num onibus. Teria meus quatro anos. Uma moça ofereceu-se para que eu sentasse no seu colo.
- Você é sapatão? - perguntei.
- Eh... Não. Porque?
- Minha mãe e minha vó são, porque você não pode ser também?
Foi então que minha mãe conversou comigo. A maioria das pessoas não achavam aquilo normal.
Cresci no mundo gay quando ainda era só para entendidos.

Adorei o lugar ao que fui. Uma nova linguagem. Um desafio para entender. Canções que preciso conhecer, e cantar e curtir. Novos olhares que aprender. Aos que havia ido antes, era meninos com meninas, padrão. Mas qual é a nova ordem que altera o padrão?

A "minha época" já é outra. Tenho que ser eu mesmo nessa época, que é a minha de verdade agora. As meninas e meninos que se amem, e se a menina ama menina e o menino outro menino ama, que sejam felizes na night, na mesa ou na cama.


isso.

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