16 março 2009

Subi numa árvore.


Hoje fui com um amigo a uma montanha que existe aqui em Nova Iguaçu. De lá pode-se ver toda a cidade se esparramando no horizonte. É uma parque municipal, que apesar de abandonado, ainda tem o seu encanto.
Num momento eu subi numa das árvores.
"Não vou levar ninguém pro hospital não." ele dizia. "Não subo numa árvore desde que era criança." complementou.
"Uma ótima oportunidade então." desafiei.
Ele subiu. Fazia quase vinte anos que ele não subia num galho. Ficou feliz e emocionado. Como um velhinho que redescobre algo de sua tenra infância.

Lembro que uma vez fui assistir "Carmen" de Bizet, en Madrid. Eu e um grande amigo que ficou lá no velho continente. Eram ingressos privilegiados e ficamos na quarta fila. A Carmen ao final da ópera recebeu um ramo de rosas, que jogou ao público, vindo cair no casal que eu tinha ao lado.
"Oie. Me darias una rosa?" perguntei.
"Ten. Llévate dos."
Peguei feliz minhas duas rosas e nos encaminhamos para sair. A arquibancada que estávamos ficava junto aos músicos. Ao passar por uma violinista, parei, agradeci pela maravilhosa música e dei uma rosa pra ela e a outra para a violinista ao seu lado.
"Muchas gracias. Jamás he recebido una rosa por tocar." - "Yo tampoco." disseram.
"Me hace muy feliz saber que he sido el primero en daros una." respondi.
Conversamos alguns minutos. Convidamos elas para sair e tivemos uma noite maravilhosa com as violinistas.

Por que conto isso?
Naquela noite, conversando com meu amigo espanhol, ele me disse algo que terei sempre marcado.
"Danton. Tu destino és cambiar los destinos de las personas."

Esse amigo que subiu na montanha comigo hoje (e consequentemente, na árvore), descobriu muitas coisas e lugares porque eu lhe disse ou levei.
Penso também em tantas ontras pessoas que cruzaram minha vida e para quem fui um fator importante de mudança. Foram tantas, algumas de forma tão profunda.
Penso nos alunos que tive. Nas coisas que conversávamos e descobriamos nas aulas de teatro, e como isso terá mudado suas vidas, como o teatro mudou a minha.

Somos uma grande equação de seres humanos. Nossos atos e decisões são variantes que mudam outras vidas. Seja por uma noite, ou por toda a existência.



isso.

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