11 março 2009

Poemas do Baú.

Reencontrei uma amiga que fez-me recordar alguns poemas antigos.
Quando leu o "Alinda", faz uns dois anos, achou que tivesse sido escrito para ela. Mas fora escrito para outra amiga que já não vejo faz muito tempo. Isso me fez pensar que a arte está mais no espectador que no artista.
O que seria de um quadro sem ninguém para olhar? Ou um filme para uma pláteia ausente?


Alinda

Hoje conheci em ti outro sorriso.
Outro pedido de amor e carinho
no meio da grande multidão.
Vi teu rosto infantil tão sozinho
e aquela estrela no teu peito liso.

Hoje vi você pequena e linda.
Te admirei num intimo silêncio
Quando eras grande e poderosa
E senti uma lágrima lá dentro
Que pedia para sair.

Quis beijar teus olhos cansados
Cantar uma canção a teus olhos
apertas entre meus carentes braços
Te corpo de anjo iluminado.


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o proximo poema foi escrito a muuuuito tempo. Nos primordios da minha intenção literaria. Coloco aqui em homenagem aos velhos e novos tempos.

Só escrevo.

Inconsciência passageira,
por agora, desprendo-me de mim
para dar vida ao crente poeta.
O personagem que ama as musas
imaginarias.
Que toca corpos invisíveis,
que beija bocas que não estão.
Perco-me em fantasias mil,
com o único de viver a magia
de um amor inexistente.

Caio no mais obscuro
do meu próprio abismo.
Dito a caneta palavras
que não são minhas,
sou um farsante que rouba
minhas intimas anotações
fazendo-as letras vulgares
no sujo papel.

Se pudesse por
aqui essas emoções
que não sei medir em frases,
Não saberia se quem lesse
minha prosa choraria
ou morerria de tédio.


Mas escrevo,
longe do que sou,
sem consciência do que não sou,
rodeando a mentira,
gritando minha verdade.

Sem pensar,
sem ser eu,
sem ser poeta,
sem ter nada a dizer.
Só escrevo.



isso

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