10 junho 2009

Míro morreu.




Míro morreu na última madrugada.
Deitado na grama, ao relento, seu corpo sucumbiu a madrugada gelada.
Se eu sentia frío no meu colhão com lençol e teto, ele já não sentia nada, pois por fim livrara-se da carne.

Míro era um pessoa a quem eu dava bom dia quase todas manhãs. Um miserável agregado da mãe de um amigo onde eu me agrego em alguns almoços durante a semana.
A única alegria desse homem, se é que ainda tinha alegria, era beber cachaça.
Na última manhã vivo de Míro ele fedia tanto como se já estivesse morto. Sujo, cagado, bêbado, moribundo.
"Ai meu Deus! Esse Míro fedido desse jeito aqui em casa. Vai acabar morrendo ali sentado." Pelo cheiro que exalava, Míro foi convidado a se retirar. "Toma um real pra beber um pinga Míro." alguém disse para conseguir tira-lo da casa.

Foi a última vez que o viram vivo. No manhã de hoje o encontraram num terreno escondido atrás de um bar. O lugar onde mais gostava de estar.

Posso dizer que me alegro por Míro. Agora ele descança. Já não treme da cabeça aos pés por não ingerir alcool. Já não perambula pedindo centavos para poder beber e fumar. A carne que tanto machucou Míro já não lhe pesa.


isso.

Nenhum comentário: